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segunda-feira, 29 de março de 2010

Livros Digitais: Nada será como antes!

Autor: Marcos Gouvêa de Souza
Fonte: GS&MD

Nesta semana a Livraria Cultura passará a disponibilizar livros para download nos chamados e-readers, ou leitores digitais. Em breve a Saraiva também fará o mesmo, tirando partido de sua experiência na comercialização de filmes em formato digital.

O site GatoSabido, o primeiro a disponibilizar livros em formatos digitais no Brasil, de acordo com a inglesa Cool-er, pretende ampliar sua atual oferta, que, além do acervo de títulos internacionais, tem 900 títulos em português.

A Fnac anuncia para daqui a dois meses a venda de leitores digitais, com preço estimado entre R$ 800,00 e R$ 1.000,00. A Samsung deverá começar a venda de seus leitores digitais em maio.

Editoras já estão em negociação com livrarias para definição das condições para comercialização de seus livros, que deverão ficar entre 10% e 30% mais baratos na versão digital. Algumas editoras começam a estudar o caminho da distribuição direta de seus livros no formato digital aos consumidores finais. As editoras renegociam com seus autores contratados as condições para os direitos em módulo digital, uma vez que a maioria dos contratos não previa essa alternativa.

No próximo dia 3 de abril começam as vendas do iPad, da Apple, com tela touch screen, aguardado por muitos, por integrar a leitura digital com outras funções usualmente disponíveis em computadores, porém já frustrando aficionados da marca, por entenderem que o que será oferecido está aquém das expectativas que foram geradas.

Consumidores brasileiros, em número não estimado, já fazem uso dos leitores digitais disponíveis no mercado internacional, como os dois modelos Kindle da Amazon (o primeiro foi lançado em 2007), cujo principal diferencial é o enorme acervo já disponível, de mais de 375 mil livros, jornais (incluindo alguns editados no Brasil) e revistas. No último Natal nos Estados Unidos, segundo a Amazon, teriam sido vendidos mais downloads de livros do que os próprios livros fisicamente.

Além dos aparelhos Kindle, estão disponíveis no mercado, com participação já importante, os modelos nook da livraria americana Barnes & Noble e o Sony Reader, da Sony.

Na última Consumer Eletronics Show (CES), em janeiro em Las Vegas, surpreendia o número de aparelhos sendo apresentados por empresas de todos os tamanhos, destacando-se fabricantes coreanos, chineses e indianos com equipamentos de custo significativamente mais baixo e com características adicionais aos modelos conhecidos, sinalizando o enorme potencial de evolução tecnológica dos leitores digitais e a perspectiva de significativa redução de preços aos consumidores.

Os modelos mais comerciais, como o produto de entrada da Kindle, o modelo DX, hoje vendido por US$ 249 nos Estados Unidos, deverão ter seus preços de venda reduzidos, o que contribuirá para uma massificação da oferta, com a perspectiva que se chegue a produtos com preço de venda inferior a US$ 100 em dois anos. Ou antes.

Desenha-se, como se percebe, uma profunda transformação, se não uma revolução, na comercialização de conteúdo por meio dos leitores digitais.

Sob o ponto de vista da experiência do consumidor, deveremos viver um processo semelhante ao vivido com a disseminação dos computadores pessoais e celulares. Haverá uma curva de aprendizagem, trazendo consigo, ao mesmo tempo, uma profunda mudança de hábitos de compra e consumo de livros, jornais e revistas, conectando também músicas. O leitor digital será um centro de entretenimento pessoal.

Da mesma forma que a televisão não fez desaparecer o cinema, apenas precipitou sua transformação, o leitor digital não fará desaparecer a leitura de jornais, revistas e livros, como hoje os conhecemos fisicamente, mas irá precipitar grandes mudanças, em especial à medida que novos leitores melhorem a definição de texto e imagens, incorporem cores e novos recursos, permitindo que o centro de entretenimento pessoal também contribua para estabelecer e compartilhar experiências e relacionamentos.

Os primeiros leitores digitais, ainda que criando uma experiência totalmente diversa, permitindo acesso digital a revistas, jornais e livros, alterando hábitos, velocidade de acesso e atualização, têm limitações relevantes nas definições de fotos e imagens e seu tamanho exige um recondicionamento do hábito de leitura, mas tornam seus novos usuários absolutamente cativos de suas possibilidades.

O fato de receber de forma instantânea a nova edição da revista internacional, a edição diária do jornal, o novo livro recém lançado; poder ler, marcar, destacar, arquivar e salvar artigos, capítulos, frases ou conceitos; poder ouvir o livro editado em audiobook; acessar o acervo para pesquisa e análise, com eventual compra; ou poder ler capítulos antes de comprar, recursos antes parcialmente disponíveis via computadores pessoais, foram transferidos para os leitores digitais, que fisicamente se assemelham, em peso e forma, a um livro convencional de cem páginas. Com a virtude da conexão via celular instantânea para atualização praticamente em todo o mundo, incluso no preço do conteúdo.

A experiência do consumidor com o leitor digital é o gatilho de uma transformação estrutural nas relações entre livrarias, editoras, autores, distribuidores e todos que interagem nesse mercado, de maneira similar àquela ocorrida no setor musical. O varejo de jornais, livros e revistas será, por decorrência, impactado estratégica e definitivamente, devendo ser reinventado à medida que se dissemine o uso do leitor digital. Estamos no início do ciclo de vida desses produtos, mas seu potencial transformador de hábitos de compra e consumo de conteúdo será notável nos próximos anos.

Definitivamente, nada será como antes

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