Sérgio Dal Sasso: consultor palestrante administração, empreendedorismo e carreiras

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quarta-feira, 24 de março de 2010

Varejo é com Miles Davis!

Autor: Renato Müller
Fonte: GS&MD


Estados Unidos, 1959. Enquanto a Revolução Cubana leva à Guerra Fria e a um de seus períodos mais dramáticos, que desembocaria na invasão da Baía dos Porcos e na Crise dos Mísseis, uma outra revolução tomava forma na música: o trompetista Miles Davis reunia seu sexteto para criar um dos álbuns de jazz mais influentes da história e o disco do gênero mais vendido. Kind of Blue é um daqueles casos de sucesso de público e crítica que são capazes de ultrapassar os limites do tempo. Imortal, divide a história do jazz.

O que torna Kind of Blue único é o fato de que ele rompe a hegemonia do bebop, o estilo de jazz característico daquela década, que, com suas harmonias complicadas e um virtuosismo técnico, tornou o jazz mais hermético e, dessa forma, distante do público. Ao reunir um grupo de ases da música (John Coltrane no sax tenor, Julian Adderley no sax alto, Bill Evans no piano, Paul Chambers no baixo e Jimmy Cobb na bateria), Miles Davis deliberadamente ousou ao seguir um novo rumo, em que os solos de cada instrumento são menos cheios de volteios, mais melodiosos e baseados em escalas. Esse jazz modal devolveu uma sonoridade lírica, com mais frescor, à música. Não à toa, Kind of Blue vendeu ao longo dos anos mais de quatro milhões de cópias, um número sensacional para um álbum desse tipo.

Ao ser lançado, Kind of Blue rapidamente estabeleceu sua reputação como um divisor de águas na história da música. Ele abriu oportunidades para o desenvolvimento de novas escolas, novas abordagens musicais e, por que não, de novas maneiras de “conversar” com o público, de se relacionar com ele.

Exatamente o que começa a acontecer hoje no mercado varejista.

Atualmente, existem mais de 91 telefones celulares para cada 100 brasileiros. Por mais que apenas 18% dessa base de mais de 170 milhões de aparelhos sejam pós-pagos, o número de smartphones vem crescendo rapidamente, tendo ultrapassado em fevereiro a casa de 7,46 milhões de dispositivos, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Mais importante que a crueza dos números, porém, é o impacto que a tecnologia passa a ter sobre o cotidiano das pessoas.

Vá a qualquer show e, em vez dos flashes de câmeras digitais, por toda parte aparece o tom azulado das telas dos celulares. Imagens capturadas e que, segundos depois, estão nas redes sociais, comunicando de forma instantânea o que acontece.

Vá a uma loja e capture o código de barras na tela do smartphone para ter acesso a todos os detalhes sobre o produto, da tabela nutricional a promoções envolvendo itens relacionados, tanto na loja quanto na internet. O próprio conceito de “mundo online” e “mundo offline”, por sinal, perde o sentido quando o consumidor age de forma multicanal, pesquisando no celular as melhores ofertas e comparando preços, características e condições de pagamento com as outras opções no celular e no ponto de venda físico.

A cada dia, mais e mais aplicativos estão disponíveis aos usuários dos aparelhos mais sofisticados, que em pouco tempo se tornarão o padrão do mercado e impulsionarão uma nova geração de dispositivos móveis. O celular assume um papel de mídia convergente, reunindo televisão, rádio, MP3, agenda, email, internet, notícias, serviços, plataforma para a leitura de livros e muito mais. Torna-se o centro da vida digital de bilhões de pessoas em todo o mundo, permitindo conectar pessoas em todos os cantos do planeta, de forma simples e rápida.

É um movimento que terá profundas implicações sociais, políticas e econômicas. Muito ainda se escreverá sobre esse fenômeno e em não muito tempo o iPhone será reconhecido oficialmente como o marco do início dessa nova fase. O Kind of Blue das telecomunicações.

O varejo será profundamente impactado por isso, uma vez que o consumidor se acostuma rapidamente com as novidades. Multicanal, por exemplo, passa a ser obrigatório para quem já experimentou uma vez. E transversalmente. Quem já teve a oportunidade de procurar um livro ou CD em uma loja e, ao descobrir que ele não estava disponível, encomendá-lo na loja para entrega em casa (ou no ponto de venda, se for mais conveniente para ele), passa a desejar o mesmo tipo de serviço em uma loja de artigos esportivos ou em um home center.

A influência da convergência multicanal é inevitável e irreversível. E, com o desenvolvimento de novas abordagens na esteira do Kind of Blue das telecomunicações, será impensável não incluir essas ferramentas na oferta de serviços aos consumidores.

Você está preparado?

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