Sérgio Dal Sasso: consultor palestrante administração, empreendedorismo e carreiras

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Organização de empresas de A à Z - Gestão e treinamentos

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Gestão: Os DEZ desafios do Varejo Brasileiro para os próximos anos

Autor: Daniel Zanco
Fonte: Universo Varejo


O último trimestre de 2010 marca os dois anos da mais recente crise econômica global. Os efeitos desta crise (a pior desde 29 para o mercado americano) parecem ter sido pequenos no varejo brasileiro, o que nos possibilita olhar para frente, projetando um cenário otimista - porém com ressalvas. Ao analisarmos nossas peculiares características e os acontecimentos e tendências desse mundo cada vez mais globalizado, DEZ desafios surgem:

1. Entrada de competidores internacionais – com as modestas (quando positivas) taxas de crescimento dos países desenvolvidos e as dificuldades de operar em alguns dos países em crescimento, que possuem culturas fechadas e economias desorganizadas, o Brasil cada vez mais aparece como a bola da vez. Muitos olham para o Brasil como a “nova America”, com uma população grande e disposta a consumir. Estes competidores chegam ao Brasil com potencial de investimento, força de marca, gestão profissional e sede de resultado. O desafio para o varejista brasileiro é fazer o fato de “jogar em casa” pesar a seu favor nesse momento.

2. Formalização – a nítida evolução dos sistemas de arrecadação e fiscalização do fisco brasileiro estão abrindo um caminho sem volta para a formalização de todas as operações varejistas. A ineficiência operacional não mais poderá ser compensada com pagamento reduzido de impostos e o empresário varejista que demorar para compreender isto será atropelado pelos mais rápidos e eficientes.

3. Cobertura Nacional – a crescente competitividade e busca pela eficiência fará com que as economias de escala sejam fundamentais para que os varejistas tornem-se mais fortes. Num cenário em que as maiores taxas de crescimento encontram-se em regiões do Brasil até ontem desconhecidas para muitos, a corrida para o atendimento nacional será inevitável. Como em qualquer corrida, quem largar na frente tem vantagem.

4. O apagão de mão de obra – a informalidade das operações, a ausência de planos definidos de carreira, as jornadas de trabalho desgastantes e as fracas (quando existentes) políticas de recursos humanos dos varejistas brasileiros criaram uma imagem em muitos empregados, de que o varejo é quase um sub-emprego ou uma ocupação temporária. Mudar essa imagem é fundamental para atrair novos talentos, reter os atuais e sustentar o crescimento.

5. A sucessão nas empresas familiares - O forte crescimento econômico das décadas de 50 (média de 7,1%), 60 (media de 6,1%) e 70 (média de 8,9%) deu oportunidade a inúmeros audaciosos empreendedores, que construíram impérios familiares na indústria e no varejo e que hoje, com idade elevada, enfrentam o desafio da sucessão. As novas gerações, por muitas vezes, apesar de mais tecnicamente preparadas não possuem a vivência do negócio, a visão dos riscos e a confiança de seus liderados. E isso pode ser um (grande) problema.

6. Preparação para o fornecimento global - Como dito por Thomas Friedman, o mundo é plano. E está ficando cada vez mais plano e menor. Nos próximos anos tornar-se-á impossível buscar novos fornecedores sem avaliar as possibilidades fora das fronteiras nacionais. A China será cada vez mais a “fábrica do mundo” como dito por Kotler e o varejista que não perceber isso, será engolido por seus concorrentes. As marcas próprias serão estratégicas para muitos negócios e o fornecimento internacional, em muitos casos, a única opção.

7. Uso intensivo da tecnologia – seja para monitorar os padrões de consumo dos clientes, para controlar a operação logística, para reduzir as filas no PDV, para analisar melhor o crédito, para comprar com mais precisão ou para reduzir gastos operacionais, a tecnologia, tanto em forma de sistemas ou equipamentos, será figura de destaque nos varejistas de sucesso nos próximos anos. O emprego eficiente da tecnologia será condição obrigatória para a obtenção da eficiência.

8. A agregação de valor – seja pela experiência de compra, pela comunicação, pelo entretenimento, pelos serviços ofertados ou pela força de marca, o varejista deverá buscar diferenciação para sobreviver no cenário competitivo dos próximos anos. Conveniência e produto tendem a ser diferenciais cada vez menos relevantes, num mundo globalizado de produtos tecnologicamente similares, vendidos em operações multicanais.

9. A concentração na indústria – O Brasil passa por um processo de consolidação em diversos setores da indústria, desde as de produtos financeiros às de bens de consumo. A menor quantidade de fornecedores dará a eles (indústria) aumento no poder de negociação (que hoje está muito mais com os varejistas) e oprimirá aqueles que não desenvolveram marcas próprias fortes, fornecedores globais e parcerias estratégicas.

10. Atuação multicanal – pode-se imaginar que a internet no Brasil já está muito difundida, mas o fato é que há ainda muito o que evoluir. Apesar de muitos navegantes, temos ainda poucos compradores, se nos compararmos com países desenvolvidos. Vender na web será, em algum tempo, pré requisito para sobreviver. Explorar bem todas as formas de contato com este novo consumidor extremamente dinâmico, informado, acessado e infiel, e estar onde ele quiser, da forma que ele quiser será indispensável.

Colocados os desafios, cabe a você - varejista brasileiro - usar essa enorme criatividade e capacidade de adaptação, para continuar crescendo e vencendo, neste varejo brasileiro ainda em maturação e cheio de oportunidades.

Pense nisso e boas vendas!

Um comentário:

  1. Algumas tendências vem sendo notadas mesmo antes da "crise" chegar.
    Marcas Próprias e importações já foram diferenciais, hoje são estratégias.
    O tempo cada vez menor do consumidor parece transferir valor aos serviços nas redes de varejo. As pessoas querem comprar melhor em menos tempo...A Internet ainda não é uma alternativa a altura da livre escolha ao vivo.
    Na contra-mão da tecnologia, o grande diferencial ainda pode ser a qualidade do contato humano, pois só ele pode fazer o consumidor se sentir valorizado. A grande massa de consumidores que está sendo admitida no mercado de consumo (a nova classe média), não está acostumada a isso e se encanta com essa possibilidade.
    Quanto aos fornecedores, cada rede deve se encaminhar cada vez mais para as alternativas de sortimento racional (grande para possibilitar e escolha e pequeno para não atrapalhar a gestão, caso contrário, os níveis de estoque podem comprometer seus resultados.
    O consumidor está amadurecendo, já sabe separar o custo do que consome do custo do KKT e da propaganda dos fabricantes, por essa razão, as grandes marcas sofrem a concorrência das Marcas Próprias e os Hard Discounts deverão aproveitar o momento e se infiltrarem onde antes não eram bem vindos.
    Varejo é bom para quem gosta e sabe fazer...
    O tempo passa, as ferramentas mudam, mas o consumidor continua buscando o melhor pelo menor preço...

    Pedro Camargo

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