Sérgio Dal Sasso: consultor palestrante administração, empreendedorismo e carreiras

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Organização de empresas de A à Z - Gestão e treinamentos

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Efeito Dilma deve incentivar uma maior participação feminina nos postos de comando das empresas

Autor: Marina Gaspar e Lucas Toyama
Fonte: Canal RH


“Eu gostaria muito que os pais e mães de meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: ‘Sim, a mulher pode’”. A frase faz parte do primeiro discurso da ex-ministra Dilma Rousseff após a confirmação de sua eleição como a primeira mulher presidente da República no Brasil, ocasião na qual se comprometeu a honrar as mulheres do País para que o fato pudesse se repetir e ampliar em empresas e na sociedade como um todo. Segundo ela, “a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres é um princípio fundamental da democracia”, disse a presidente eleita.

A eleição histórica de uma mulher para o posto máximo do País pode ser um sinal de que os avanços das mulheres em posição de liderança estão cada vez mais consolidados, mas também é o momento para que as representantes do sexo feminino avancem ainda mais na carreira.“A eleição de uma mulher naturalmente vai refletir sobre questão das mulheres em posição de liderança, principalmente porque iremos conversar mais vezes sobre o tema. Mas é necessário que ela confirme a capacidade de gestão para tangibilizar o valor agregado”, diz Marlene Ortega, diretora da Universo Qualidade, entidade especializada em treinamentos e eventos corporativos.

Para ela, é importante acompanhar se durante a gestão da nova presidente a situação da mulher no mercado de trabalho vai realmente mudar. “Hoje ainda temos apenas 11 mulheres ocupando o cargo máximo em grandes companhias nacionais e elas ainda recebem 70% do salário dos homens. Precisamos acompanhar esses dados”, diz.

Flora Victoria, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Coaching e especialista em treinamento para a liderança, acredita que é possível, sim, que a sociedade passe a ver as mulheres de maneira diferente, mas tudo depende dos resultados que vão surgir. “Na sociedade como um todo, sobretudo no mundo corporativo, há falta de referência de mulheres ocupando altos cargos. Sem dúvida nenhuma, o País ter uma presidente pode alavancar o número de mulheres assumindo grandes postos nas esferas pública ou privada, mas isso também dependerá dos resultados que forem demonstrados por essas mulheres”, diz a especialista.

Laerte Cordeiro, da consultoria em recursos humanos que tem seu nome, concorda: “Dilma leva com ela esse peso da representação feminina no Brasil e todos nós, homens e mulheres, veremos o que ela fará como líder desta nação”. Ele acredita que, se a ex-ministra for uma boa presidente, a sociedade abrirá mais portas para as mulheres em diversas atividades, tanto humanas quanto profissionais. “O mercado de trabalho, que hoje já reconhece, o crescimento das mulheres no universo corporativo, certamente ampliará esse crédito de confiança a partir do exemplo que virá de cima. Porém, se seu governo não for o sucesso que gostaríamos que fosse, é possível que o contingente feminino sofra com isso no futuro, mesmo sabendo que as mulheres profissionais no Brasil merecem louvores pelo que tem sido sua contribuição em décadas recentes”.

Pelo mundo

Com a eleição, Dilma Rousseff se integra a um seleto, porém crescente, time de mulheres poderosas mundo afora, junto de Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha, Cristina Kirchner, presidente da Argentina. Ainda no continente americano, Laura Chinchilla se prepara para assumir a Costa Rica. Na África, a única mulher no comando é Ellen Johnson Sirleaf, que preside o governo da Libéria.

Dilma encara, no entanto, um desafio proporcional aos mais de 185 milhões de brasileiros que vai comandar nos próximos quatro anos, o que confere a ela o título de mulher mais poderosa do planeta, como citou o jornal britânico The Independent: dar continuidade a um momento de crescimento econômico no qual o país está sob os holofotes do mundo. “A eleição representa um grande desafio; para qualquer pessoa que assumisse esse cargo já seria um desafio, mas para a primeira mulher a ser presidente do Brasil, muito mais”, diz Flora Victoria

Quebra de paradigma

A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Coaching classifica a chegada de Dilma Rousseff à Presidência como uma quebra de paradigma. “Ela mostra que não existe justificativa para as mulheres não conquistarem altos postos. Muitas vezes, as mulheres justificam seu baixo índice de desempenho com frases típicas como: ‘É porque sou mulher’. Agora, ficou evidente que a sociedade como um todo não se interessa mais sobre essa questão de gêneros, desde que a pessoa seja competente e gere resultados”, explica.

E resultados são exatamente o que vão fazer toda a diferença para que o fato de uma mulher ser a autoridade máxima do Brasil impactar positivamente sobre a sociedade. “Quem ganhou foi a Dilma, que quebrou paradigmas e tem méritos próprios para assumir o comando do País. A nova presidente precisará, no entanto, implantar seu estilo de governo e enfrentar o enorme desafio de dar continuidade ao que o Lula fez, com a diferença de que ela não representa essa figura mitológica do Lula. As pessoas hesitarão menos em criticá-la”, explica Marlene.

A especialista considera que o estilo mais duro da nova presidente pode, sim, ser um trunfo na hora de manter o País nos trilhos. “Dizer que uma mulher poderosa durona imita homem não tem fundamento”, diz a consultora. “Ela precisa ser assertiva. Para comandar, seja a presidência ou no ambiente corporativo, a pessoa tem de ser firme. Ao mesmo tempo, precisa ser sensível a determinadas questões, como as mazelas sociais”, completa.

Atenção à trajetória

Para as mulheres que querem crescer e assumir altos postos, a eleição da nova presidente serve principalmente de exemplo. Formada em economia, Dilma Rousseff fez carreira primeiro como assessora de políticos no Rio Grande do Sul. Depois transitou por secretarias municipais e de Estado, até ser alçada ao cargo de ministra de Minas e Energia do governo Lula. Depois, assumiu a Casa Civil. “As mulheres precisam ter consciência de que uma carreira é construída por conhecimento, esforço dedicação e, sobretudo, por meio da minimização das perdas que ocorrem durante o processo”, diz Flora Victoria.

Ela explica que uma mulher que busca ter uma carreira brilhante e se tornar uma alta executiva deve se preparar fortemente e saber lidar com a autossabotagem. “Vimos que uma mulher pode, sim, chegar ao cargo máximo. Mas é preciso mostrar capacidade, o que independe do cargo. O Obama, por exemplo, não está em alta”, completa Marlene.

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