Sérgio Dal Sasso: consultor palestrante administração, empreendedorismo e carreiras

Sérgio Dal Sasso: consultor palestrante administração, empreendedorismo e carreiras
Organização de empresas de A à Z - Gestão e treinamentos

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Férias têm de ser pra valer e sem culpa

Fonte: Canal RH
Autor: Marcio Jardim

As férias são um período para descansar e, principalmente, renovar as energias para a volta ao trabalho. Mas nem todos conseguem se desligar dos assuntos da empresa e acabam levando para casa ou para as viagens diversas atividades profissionais. Segundo psicólogos, pessoas com esse comportamento são identificadas como workaholics (viciados em trabalho) ou worklovers (apaixonados pelo trabalho). Para especialistas em Recursos Humanos, entretanto, além de um comportamento pessoal específico, o vício de levar trabalho para as férias pode ter relação como falta de organização antes de se afastar da companhia ou dificuldade em delegar tarefas. Em ambos os casos, o profissional tem a sensação de que o serviço está constantemente acumulado.

Segundo a presidente da International Stress Management Association (ISMA-BR) no Brasil, Ana Maria Rossi, pessoas com esse comportamento estão até mais propensas a desenvolverem doenças físicas, mentais e alimentares. “Eles se afastam do trabalho fisicamente, mas não mentalmente. Isso caracteriza muitas vezes falta de disciplina, de organização e de planejamento.”

Ana Maria ressalta que um workaholic não apresenta esse perfil da noite para o dia. Ele chega a esse estágio devido a experiências problemáticas repetidas ao deixar o trabalho ou por insatisfações na vida pessoal. “Muitas vezes o workaholic se sente mais valorizado no trabalho do que em casa e começa a se empenhar mais nessa atividade e acaba perdendo o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal sem sequer perceber”, analisa.

Para a especialista, a melhor maneira de uma pessoa deixar de ser viciada no trabalho é proporcionar a ela oportunidades para se sentir útil também em casa e nas férias. “Não adianta pedir a um workaholic para aproveitar as suas férias em viagens, sem fazer nada; eles precisam fazer cursos ou algo em que se sintam desafiados”, sugere.

Os worklovers, por outro lado, embora também cometam exageros quanto ao ritmo de trabalho, não sentem tantas dificuldades de aproveitar as férias. “Diferente dos workaholics, eles não apresentam tantos quadros de problemas na vida pessoal e isso faz com que eles consigam se sentir mais à vontade quando estão afastados da rotina de suas profissões”, compara Ana Maria.

Na opinião de Andrea Huggard Caine, presidente da Huggard Caine, empresa que trabalha na consultoria estratégica de RH, o trabalho durante as férias pode até ocorrer, mas deve ser uma exceção e não regra. Segundo ela, ter um tempo para outras atividades, diferentes das profissionais, é importante para a própria carreira. “Não achar um momento no seu dia para você mesmo faz com que a capacidade criativa e de desenvolvimento sejam prejudicadas e a pessoa se sinta aprisionada pela rotina de trabalho.”

Andrea enfatiza que a relação de confiança com os companheiros de trabalho é importante. Se o profissional preparar seus colegas e subordinados para suprir sua ausência poderá aproveitar as férias sem preocupações e sem o temor de ter que voltar à empresa para resolver problemas. “Para ter maior êxito em preparar outros profissionais para terem autonomia na sua ausência, é necessário ensinar regras e também os conceitos a partir dos quais as decisões são tomadas”, orienta e acrescenta: “Outra coisa importante é deixar a pessoa que está no seu lugar à vontade, para em caso de dúvida, procurar a opinião de outro profissional”.

Escravidão moderna

Como exemplo de dedicação excessiva ao trabalho, a gerente de Produtos e Serviços do Banco do Nordeste, Roseanne Peixoto da Rocha Santos, cita o caso que envolveu ela e outro profissional. “Enviei um e-mail, no final do expediente, esperando resposta para o dia seguinte, mas poucos segundos depois chegou a resposta. Depois eu soube que a pessoa estava em uma missa, mas como tinha o smartphone ligado, me respondeu prontamente”, conta. Desde então ela conclui: “Acho que smartphone é a nova versão da escravidão”.

Ao contrário desse comportamento, Roseanne sempre fez questão de aproveitar as suas férias fazendo coisas que gosta. “No dia a dia me entrego muito ao que estou realizando na empresa, mas também dou muito valor no meu tempo livre aos meus hobbies, como a música, costura e a leitura”, afirma.

Depressão pós-férias

Além do excesso de trabalho nas férias, outra síndrome que acomete o trabalhador é a depressão pós-férias, que atinge 23% dos executivos brasileiros. Uma pesquisa realizada pelo ISMA-BR entrevistou 540 profissionais das cidades de Porto Alegre e São Paulo, entre 25 a 60 anos de idade e revelou que pessoas que sofrem da síndrome sentem angústia, ansiedade e culpa após retomar ao trabalho, após as férias. “Em 93% dos casos, essas pessoas se sentem insatisfeitos no trabalho, e obrigados a continuar nele, mesmo contra a sua vontade”, diagnostica Ana Maria.

Segundo a especialista, uma dica para evitar a depressão pós-férias é dividir as férias, em períodos mais curtos e mais frequentes ao longo do ano e orienta os profissionais de RH a observarem os colaboradores no retorno às atividades profissionais. “Até 14 dias, após voltar ao trabalho, é normal que os profissionais passem por uma readaptação; de 14 a 30 dias, se ele ainda se sente deslocado, é preciso ficar mais atento, e depois desse período, se ele ainda se sentir desmotivado, o melhor é procurar ajuda médica.”

A pesquisa revelou ainda que os entre os profissionais que apresentaram maior vulnerabilidade à depressão pós-férias atuam nas áreas financeiras, saúde, informática e os que trabalham fora da sua área de formação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário