Sérgio Dal Sasso: consultor palestrante administração, empreendedorismo e carreiras

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Organização de empresas de A à Z - Gestão e treinamentos

quarta-feira, 7 de março de 2012

Varejo: males que vêm para o bem!

Autor: Alexander Horta
Fonte: GS & MD


O vigoroso crescimento acumulado do varejo, em praticamente todos seus segmentos desde 2007, tem provocado um fenômeno interessante no que diz respeito à melhoria das práticas de gestão de estoques e de logística de muitas redes e não necessariamente como reflexo de um processo planejado, mas sim devido à escassez de espaço.

À princípio pareceria ser um contra-senso, mas uma observação mais acurada demonstra que, como a capacidade de armazenagem das áreas de retaguarda das lojas é finita, o nível de cobertura representado pelo estoque ali armazenado tende a diminuir na mesma proporção que as vendas crescem. Crescer 6% a 7% em média em 5 anos significa um crescimento acumulado das vendas da ordem de 35%, com a consequente redução do nível de cobertura dos estoques da loja.

Entretanto, em muitas situações, esse crescimento de vendas veio acompanhado também de um crescimento no número de itens contido no sortimento da rede (o Varejo ainda insiste em acreditar que a expansão da variedade é sempre uma benção), o que significaria que o crescimento nos estoques, caso houvesse espaço para acomodá-lo, tenderia a crescer em termos absolutos ainda mais do que as vendas.

Essa restrição ao crescimento contínuo dos estoques nas lojas tem exigido das empresas acomodar sua operação com um menor nível de estoques e, para evitar contratempos pela falta de mercadorias em determinados instantes (com a consequente perda de vendas) pelo fato de estarem trabalhando mais “justas”, as redes vêm se forçando a aperfeiçoar suas práticas de abastecimento, incluindo a revisão da malha logística seja pela re-localização dos Centros de Distribuição e de suas plataformas logísticas, seja por uma maior eficiência dos processos de reposição, por meio de maior frequência na entrega de mercadorias às lojas, melhor planejamento da demanda ou maior velocidade e precisão na separação e expedição de mercadorias.

Do ponto de vista dos analistas financeiros, trabalhar com menor nível de estoques significará ao Varejo uma menor exposição de seu Capital de Giro, reduzindo seu custo financeiro e retornando parte do dinheiro que estava imobilizado em Estoques para o caixa da empresa. Um duplo benefício, enfim.

Paralelamente a essa situação, outro contexto mais amplo e mais complexo vem se estabelecendo e impondo uma nova dinâmica ao Varejo e também associado, de alguma forma, à falta de espaço.

Ao longo do tempo as redes de varejo foram ocupando os melhores pontos comerciais disponíveis e isto foi realizado a custos relativamente modestos comparativamente aos níveis encontrados hoje em dia. Ou seja, os pontos disponíveis para permitir a expansão futura do Varejo serão progressivamente menos eficientes e mais caros (e isso sem levar em conta a impressionante valorização dos imóveis comerciais em diversas cidades brasileiras!).

Como o m² vem se tornando mais caro, significa que o Varejo precisa incrementar a rentabilidade por m² de suas lojas de forma a manter o mesmo retorno anterior sobre os seus ativos. Isto significa vender mais e com maior margem de contribuição das lojas para equilibrar a equação.

Como o cenário atual prevê um crescimento econômico contínuo para os próximos anos, esse processo de valorização dos ativos imobiliários (particularmente os de uso comercial) deve perdurar. Para o Varejo (cada vez mais atento aos critérios de avaliação do Mercado Financeiro) não perder valor comparativamente aos ativos do mercado, precisará aperfeiçoar dramaticamente sua gestão de espaço, de categorias e de preços, além de dar continuidade ao seu aperfeiçoamento na gestão logística e de estoques.

Resumindo, conforme as restrições físicas aumentam e os custos de ocupação crescem, o Varejo terá que gradativamente investir em uma gestão mais qualificada e com metas mais ambiciosas em termos do crescimento da produtividade dos seus ativos (lojas, estoques e carteira de financiamento de clientes). É uma agenda importante para os próximos anos e o Cenário econômico pode ser enxergado como favorável ao desafio (e parte do desafio ele próprio).

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