Sérgio Dal Sasso: consultor palestrante administração, empreendedorismo e carreiras

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Organização de empresas de A à Z - Gestão e treinamentos

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A leitura e as transformações

Fonte: canal rh

"A leitura é a base da educação, é a chance que temos para enriquecer o pensar e assim se desenvolver para que a comunicação seja estabelecida em todos os níveis, com a qualidade de uma mente esclarecida, rica e sempre contemporânea". (Sérgio Dal Sasso)


Cientes de que os livros são a porta de entrada para o conhecimento, muitas empresas estão adotando programas de incentivo à leitura, contribuindo para o aprimoramento profissional e pessoal dos colaboradores. As iniciativas incluem bibliotecas próprias e acervos que, em alguns casos, ultrapassam dois mil títulos. “Todas as empresas deveriam buscar uma gestão mais transformadora”, ensina a presidente do Comitê de Responsabilidade Social da Copagaz, Elizete Paes.

A distribuidora de gás de cozinha mantém, desde 2008, o Programa de Incentivo à Leitura, por meio do qual seus 1.500 funcionários encontraram mais uma janela para o desenvolvimento pessoal e profissional. “É necessário um comprometimento com a educação dos colaboradores”, analisa Elizete.

O trabalho dá continuidade a um programa de formação educacional iniciado pela Copagaz há 12 anos. Com ele, a empresa já conseguiu erradicar o analfabetismo, que era de 30% entre os funcionários que atuam nas chamadas plantas de engarrafamento de gás. Também subsidia 70% das mensalidades escolares de graduações, pós-graduações, MBAs, doutorados e cursos de língua. Vencidas essas etapas, a empresa decidiu apostar na atualização dos colaboradores. “Então surgiu a ideia de montar bibliotecas em cada uma das unidades”, lembra Elizete.

O acervo, que varia de 2.000 a 2.500 títulos em cada biblioteca – entre didáticos, obras de referência, romances e enciclopédias, foi todo doado por diferentes fontes: convênios com editoras e com as autoridades, além da boa vontade de representantes, clientes e até de funcionários. A Copagaz se encarrega de bancar a estrutura dos espaços – salas das próprias unidades, que são adaptadas com prateleiras e computadores. Os próprios colaboradores se oferecem para atender aos leitores e controlar os empréstimos em esquema de revezamento. Em cada biblioteca a empresa investiu cerca de R$ 15 mil.

“O programa foi criado para complementar o ciclo de oportunidades em formação educacional que a empresa oferece”, esclarece Elizete. “A leitura torna as pessoas mais participativas, mais críticas, seletivas, e com um melhor aprendizado social, cultural e político.”

Lição de casa

No grupo Cometa, que possui 15 concessionárias de veículos das marcas Honda e Volkswagen em todo o país e mais de 1.300 funcionários, o compromisso com a leitura vale bônus. Como parte do programa Cometa Leitura, além de ler no mínimo um livro por mês, o funcionário precisa apresentar ao RH um resumo do conteúdo lido, sob pena de perda de bônus para quem não faz a lição de casa. “Mesmo que uma concessionária atinja suas metas, o colaborador só recebe a bonificação se for participante do programa”, esclarece a coordenadora dos projetos sociais do grupo Cometa, Rita de Cássia Serra.

Os funcionários não reclamam, segundo ela. Na verdade, foi um pouco em resposta a um pedido deles que a iniciativa passou de uma ação informal para um projeto estruturado. “Tudo começou com o livro Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas [Ibep/Nacional, 2000], do Dale Carnegie”, lembra o diretor presidente do grupo Cometa, Francis Maris Cruz, responsável pela gênese do Cometa Leitura. “Eu li, gostei e achei que todos os gerentes deveriam ler.” Cruz comprou um exemplar do volume para cada gerente, em cada uma das lojas, e recomendou que todo o quadro de líderes lesse a obra. “Tudo sem compromisso.

Os livros ficavam nas concessionárias para quem quisesse ler”, conta. Depois desse título vieram outros e mais outros, até que cada loja acumulou uma coleção de obras nas áreas de empreendedorismo, autoconhecimento, vendas e liderança – perfil de leitura que o projeto mantém até hoje. “Depois dos primeiros livros, começamos a receber e-mails dos funcionários nos agradecendo, contando que os livros que eles leram serviram muito no trabalho e mesmo em casa”, segue Cruz. Essa reação, somada ao fato de que muitos dos ocupantes dos cargos de chefia, na época, não tinham o nível superior, fez com que a iniciativa tomasse a forma atual.

Vestígios no dia a dia

A coordenadora dos projetos sociais do grupo Cometa conta que os resultados do trabalho são sensíveis, e que entre os benefícios computados estão a melhoria na comunicação e nos relacionamentos interpessoais, um reforço na formação de liderança, a melhoria do desempenho operacional e o aumento da produtividade. A gerente de RH do grupo, Maria Estela Hreciuk, ressalta que as mudanças podem ser sentidas no dia a dia das concessionárias. “Há um interesse por parte das pessoas em fazer as coisas de maneira diferente”, explica. “Mesmo quando elas não sabem algo, há a iniciativa de procurar ajuda para saber como fazer da maneira correta.”

Quem melhor pode contar essa história é o encarregado de oficina Robson Fernandes de Freitas, funcionário da Cometa há quatro anos. Ele confessa que, no início, achava os “livros de empresa” chatos, mas depois que leu o primeiro – Posso Até Estar Apagado, Mas Fui Feito Para Brilhar, de Daniel Godri (Eko, 1999) – não parou mais. “Falava de motivação”, lembra Robson. “Depois me interessei pelos livros que contavam alguma história, porque eu queria saber o final.” Mas a curiosidade cedeu lugar à sede de conhecimento e Robson mudou o foco. “Comecei a querer mais, queria livros para o meu crescimento, meu desenvolvimento profissional. Então comecei a pegar os livros que falavam de liderança.” De mecânico, ele passou a encarregado e já estabeleceu novas metas. “Já estou pensando no próximo passo, que seria gerente de serviços”, planeja.

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