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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Expectativa de vida maior leva terceira idade à faculdade

Autor : Marina Gaspar
Fonte: Canal RH

Uma nova turma invadiu as salas de aula e não são universitários ou profissionais do mercado buscando maior qualificação. São senhores e senhoras que, ávidos por informação e atualização, resolveram sentar nos bancos das universidades outra vez e adquirir conhecimento nas faculdades da terceira idade, programas de estudo preparados muitas vezes por instituições renomadas, como a Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, a Universidade Federal de São Paulo, o Centro Universitário Santana, também em São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP), por meio de algumas unidades como as de Comunicação (ECA) e Economia (FEA), além da Universidade Gama Filho (RJ), e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

“A criação desses cursos é consequência da realidade estabelecida na França no fim dos anos 60, quando se precisou encontrar um caminho melhor para a vida da população de maior idade, uma vez que se percebeu uma modificação na pirâmide etária dos países desenvolvidos”, explica Fauze Saadi, coordenador da Faculdade Aberta à Maturidade da PUC de São Paulo.

O programa está prestes a completar 20 anos na instituição e foi pioneiro na capital paulista. Com cerca de 700 alunos, o curso tem 18 turmas em andamento em três diferentes campi. Existe a possibilidade de serem criadas mais seis no próximo ano. “A evolução e o interesse pelo curso tem sido de tal sorte que, com os alunos exigindo continuísmo e o interesse de pessoas mais novas, abaixo dos 60 anos, deixamos de chamar faculdade da terceira idade para ser Universidade Aberta à Maturidade”, conta Fauze.

A maior procura tem ligação direta com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, que passou para 73 anos. Além disso, dados prévios do censo realizado este ano indicam que mais da metade da população tem mais de 30 anos e evidenciam o alargamento da pirâmide etária na faixa que abrange a população acima de 80 anos.

O sucesso dos cursos para alunos de cabeça branca está relacionado também a uma nova cultura em relação à qualidade de vida de quem já avançou na idade. “No Japão, desde cedo a população é educada para ter uma vida longeva. Aqui, agora torna-se uma importante aprender a sobreviver na maturidade”, diz o coordenador da PUC. Os cursos, segundo ele, mudam a concepção do que seria bem estar quando se chega à terceira idade. “A mídia, quando fala em qualidade de vida para idosos, mostra casais pulando e dançando. Não tenho nada contra, muito pelo contrário, mas o curso não é clube. É um programa de renovação do conhecimento e extensão cultural ampla”, explica.

Disposição

O objetivo dos cursos não é manter o pessoal da terceira idade ocupada, mas promover uma reciclagem do conhecimento. Na maioria das instituições, não há pré-requisitos para alguém ingressar nas aulas e os professores são os mesmos que dão aulas para as turmas de graduação e pós-graduação. O diploma recebido, no entanto, é o de um curso de extensão. “É preciso que as faculdades para a terceira idade tenham um corpo docente estruturado, capaz de formar. Nossos alunos, mesmo alguns com mais de 90 anos, têm muito mais disposição que jovens. São totalmente lúcidos, capazes e, por serem pessoas vividas, muitas vezes trazem boas experiências que agregam na hora da aula”, diz Fauze.

Entre os temas estudados pelos alunos, há um amplo leque de mais de cem disciplinas – seis estudadas a cada um dos quatro semestres do curso regular, ensinadas em cinco aulas de três horas ao longo desse período. Entre os temas aplicados em sala de aula estão desde filosofia, história e painel econômico até vitalidade e saúde cerebral.

Há também um programa de matérias eletivas que inclui música, teatro, informática e língua estrangeira. Ao final, todos os que tiverem frequência de 75% recebem um certificado atestando a conclusão, mas pode sempre voltar para aprender disciplinas que ainda não tiverem cursado. “Estudar ajuda os idosos a se integrar mais com a sociedade atual, na medida em que eles podem inteirar-se dos novos conhecimentos”, explica Fauze. “As pessoas hoje vivem mais e devem sobreviver com dignidade física e mental. Costumo dizer que nossos cursos roubam a clientela dos médicos”, conclui.

Representante de turma aplicada

Estudar na terceira idade é coisa séria. Para Rosa Oguri, de 73 anos, aluna da PUC desde 1992, seriíssima. “Nossa turma é a mais antiga e temos pessoas de todas as idades, o mais velho com 96 anos. Mas nossa disposição para as aulas é maior de quem está em uma graduação, nós tiramos proveito das aulas, prestamos mais atenção, achamos até ruim se um professor falta”, conta.

Casada e mãe de um filho de 43 anos, ela resolveu que era a hora de aproveitar o tempo com programas que a estimulassem mais que cursos de artesanato dos quais já havia participado. “As aulas promovem uma reciclagem em várias áreas”, diz, ao enumerar os motivos pelos quais entrou na faculdade. Representante da turma em que estuda duas vezes por semana, ela ainda se ocupa de participar de reuniões com a coordenadoria e fazer a ponte entre o Departamento e o grupo de alunos em que estuda.

O principal motivo, segundo ela, é que o curso é essencial para dar um novo ânimo ao dia a dia. “Eu não era sociável, mas consegui me ambientar. Além das aulas, fazemos passeios e viagens e hoje fico à vontade”, diz ela, que garante: “Só saio se me mandarem embora”.

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